por Otávio Silvares e Victor Santos
Programação promove diferentes atividades, entre 19 a 25 de abril, com o intuito de fortalecer o debate sobre as diferentes questões relacionadas a proibição das drogas
Marcha da Maconha 2013 (Foto: Gabriela Batista)
A flexibilização das leis com relação à produção e consumo da maconha – promovida hoje em diversos países – vem gerando um efeito global que reascende o debate. Por que as drogas são proibidas? Por que se deve rever a legislação penal que abarca o usuário? Quais modelos de legalização e/ou regulamentação de quais substâncias são mais apropriados? Todo esse arsenal de questionamentos vem se iniciando principalmente em torno da maconha.
No Brasil cresce na opinião pública a defesa da regulamentação dessa droga. De um lado temos figuras de destaque publicitário (diversos artistas e até um ex-presidente da república) respaldando essa tendência. De outro, uma pressão da sociedade civil manifesta principalmente na já famosa Marcha da Maconha, que nesse ano está prevista para o dia 26 de abril, com concentração às 14h no vão do MASP. Muitas figuras públicas já manifestaram seu apoio á manifestação. Confira as chamadas dos artistas Marcelo D2 e José Celso Martinez, além do vereador carioca Renato Cinco (PSOL).
Inaugurada no ano de 2008 em São Paulo, a manifestação de rua – que por muito tempo sofreu dura repressão policial, judicial e ataques sarcásticos da mídia – hoje assume papel decisivo no debate sobre as drogas. “O que precisa acontecer para que haja alguma mudança é que as pessoas entendam que a discussão da guerra às drogas passa por um debate com a sociedade. A gente não acha que por sermos da Marcha vamos falar ‘tem que ser assim ou daquele jeito’”, explica Thaisa Torres, uma das organizadoras do evento.
Marcha da Maconha de 2013 (Foto: Gabriela Batista)
Pensando nisso, a organização elaborou uma semana prévia de debates, exibições de filmes e palestras para aquecer a manifestação. As atividades vão ocorrer de 19 a 25 de abril em diversas regiões da cidade, indo da cracolândia, no centro, até a periferia (confira a programação completa na página do Facebook da Marcha). “A ideia é que fossem atividades variadas por toda São Paulo. Então a gente quer estimular não só o eixo temático, diretamente relacionado à legalização da maconha, mas discutir também outras drogas e outras questões”, completa Thaisa.
Em 2014, a programação traz como lema: “Cultive a liberdade para não colher a guerra”. Uma nítida alusão ao extermínio físico e moral que a defasagem nas políticas públicas vem promovendo. Sobre o tema, Thaisa ainda comenta: “A atual legislação de drogas prejudica os mais pobres, os mais vulneráveis, e é exatamente isso que tentamos mostrar. A legalização não é só beneficiária ao usuário, mas para toda uma sociedade que é vitima de um sistema onde quem lucra são os corruptos”.
Diferentemente de outros anos em que a movimentação pela Marcha da Maconha foi reprimida e só o fato de dizer o nome da erva podia levar alguém preso, no ano de 2014 o debate tem ganhado força na mídia, na sociedade e no poder público. A Marcha proporciona aos paulistanos a possibilidade de fazer essa reflexão em diferentes lugares, levantando diferentes pautas, de várias formas.