Em meio a tanto apreço pelo incomum, os acomodados não mais perambulavam em linha reta. De um lado pro outro eram levados pela incerteza e ansiedade até um ponto final. Não o alcançavam, se jogavam. A resposta pra tanta baracutaia resumia-se ao repetitivo jejum de paixões. Tudo era movido pelo vácuo, e a fome pela vida já não existia mais. Assim como o Eu.
Era pequeno quando começaram a tampar seus olhos. – Crie raízes – diziam todos que não viam suas asas. E assim cresceu.
Chegou ao espaço sem ao menos saber quem era, porque viera ou o que propusera. Os sentidos também já eram. Em meio a tanta descrença, tudo fora lavado pelo concreto. Sem qualquer arrepio, deixou de viver pra se tornar um fazer. Maquinou-se.
Manual como esse só retarda. Saber conduzir essa reta basta dar lugar às sensações. Esqueceram de dançar, pular e dar piruetas sob a corda bamba.
Em meio a isso não me mantive sã. Não é uma escolha, um privilégio ou um diferencial. Apenas é. Esse (des)equilíbrio é meu jeito de desenhar as curvas de uma reta finita.
Crônica: Gi Fabbri e João Previ
Ilustra: Felipe Machado Dutra