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02 de junho de 2015
Iniciativa comunitária ocupa espaço e promove cultura na Cohab Raposo Tavares
Na zona oeste de SP a autonomia de um bairro é construída com apoio do comércio local e moradores da comunidade
Por: João Miranda Fotos: João Miranda e Daniel Lopes
Leandro Henrique, idealizador do projeto
“A ideia foi fazer uma proposta de mudança que tivesse sentido para os moradores”, comenta Leandro, morador do Cohab Raposo Tavares e idealizador do projeto Alimania, que promoveu o evento “Mais Arte Menos Lixo” no último sábado (30), revitalizando espaços de utilidade pública do bairro.
O evento uniu futebol de várzea, um movimento muito forte na Cohab Raposo Tavares, com outras manifestações culturais, como teatro, dança, música e graffiti. Foram convidados os grupos Guerreiros de Sião, Raproots e Opção de Defesa para esquentar os microfones e levantar o astral do público presente.
Leandro disse terem conversado com moradores, comerciantes, líderes comunitários, organizações que estão no entorno e empresas. “A importância desse projeto, para nós, é justamente o processo de conscientização dos moradores de entender que os espaços púbicos não são lixões a céu aberto”, afirma.
O time de futebol de várzea Aliados F.C. é uma tradição na região e os jogadores estavam em peso no dia. Conversamos com Philipe Sampaio, morador da Cohab há dez anos, ex-jogador do Aliados e hoje atleta do Boa Vista F.C., time de Portugal.
“Hoje eu tô jogando a primeira liga da Europa porque saí de um projeto social também. É uma iniciativa ótima”, comenta Phillipe Sampaio, jogador do Boa Vista F.C. em Portugal.
Os grupos que tocaram também quiseram manifestar sua opinião. Carvalho, integrante do Opção de Defesa, última atração que se apresentou no dia, saudou os agentes culturais da região: “Acho que a conexão tá ficando pesada. Desde o pessoal da Rádio Cidadã FM, na raiz do Butantã, o pessoal da Cohab, João XXIII e muitos outros. Precisa mesmo é bater nessa tecla até conseguirmos nosso espaço”. Thiago, outro MC do grupo, conclui: “É importante ocupar esse espaço para [fazer] uns eventos dahora pra molecada”.
Thiago MC e Carvalho, do grupo Opção de Defesa
“Aqui [na zona oeste] tem muita gente enganjada com a cultura e que tá afim de fazer acontecer no seu próprio bairro e na sua própria rua. Zona Oeste é isso, gente enganjada, gente com cabeça, querendo ajudar a comunidade e querendo fazer crescer a cultura dentro da comunidade. Bless up, rasta!”, afirmou Argeu.
Gustavo Argeu da banda Guerreiros de Sião
De acordo com o vocalista do Guerreiros de Sião, Ras Leonardo, isso fortalece a comunidade e faz com que as pessoas saiam da “mesmice” cotidiana de ir para o trabalho e voltar para casa. Já para Fábio Dent, integrante do Raproots, o fato de crianças estarem presentes naquele momento é essencial.
“Menos lixo e mais arte aqui para a comunidade. Queremos poder usar esse espaço aqui de uma forma melhor e dar um futuro para a criançada que ta aí”, conclui Dent.
Dj Bruno, Fábio Dent e Ras Menor, integrantes do Raproots
A articulação comunitária não deixou de lado nem as entidades do entorno. O Instituto Sylvio Passarelli oferece cursos complementares à adolescentes e pré-adolescentes na Cohab Raposo Tavares e foi convidado pelo Alimania para apoiar o evento. Fernanda, uma das professoras do Instituto, nos contou que o grupo de teatro foi convidado para se apresentar no dia, dentro da tenda do circo. Veja as fotos da apresentação abaixo:
“O mais importante, para nós, é a autonomia que eles [os jovens] podem construir. Então, um evento desses, tem tudo a ver com a participação da pedagogia que a gente aplica lá, porque eles que desenvolveram a peça de teatro, eles que quiseram vir aqui fazer arrecadação das roupas que a gente tem lá. Esse processo está ajudando a consolidar essa autonomia que eles conquistam lá dentro”, comenta Fernanda, com empolgação.
Fernanda, professora do Instituto Sylvio Passareli
“Ao ver algo ser concluído com a sua participação, o processo de engajamento e reconhecimento fica muito mais forte. Isso aumenta a auto estima do pessoal e trabalha positivamente uma série de fatores dentro da comunidade”, diz Leandro, sobre o desenvolvimento do projeto como um todo.