Por Henrique Santana
Vídeos: Murilo Salazar
O movimento dos secundaristas já marcou a história e se espalha como fogo de palha pelo Brasil. Em São Paulo, depois dos mais de 200 colégios ocupados em 2015, que paralisaram o estado e derrubaram um Secretário de Educação, as mobilizações voltaram à todo vapor neste ano.
Ao todo, são cerca de 20 instituições de ensino público tomadas por estudantes, além dos recém reintegrados Centro Paula Souza e a Assembleia Legislativa do Estado. A pauta entre as escolas é comum, reivindicando uma merenda escolar digna, lutando contra o fechamento de salas de aula e a precarização do ensino público. O modelo de mobilização também é muito semelhante, com decisões tomadas em assembleia e sem uma liderança que represente os anseios dos estudantes.
A Vaidapé gravou alguns vídeos com os alunos que ocuparam durante uma semana o Centro Paula Souza e fez uma seleção dos melhores momentos, provando que os secundaristas não estão de brincadeira.
No dia 28 de abril, cerca de 300 estudantes ocuparam o Centro Paula Souza, instituição que funciona como núcleo gestor de todas as Escolas e Faculdades Técnicas do Estado de São Paulo (FATECs e ETECs).
Logo após o ocorrido, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, acionou a Tropa de Choque que se posicionou no local. A ação foi feita sem autorização da Justiça, que exigiu que os PMs saíssem da ocupação. A Tropa de Choque deu marcha ré e se retirou do edifício aos gritos de “chega de chacina, eu quero fora PM assassina”. Ainda assim, um mandado foi emitido e a reintegração aconteceu na última sexta-feira (6).
Um dia antes da reintegração de posse no Centro Paula Souza, Guilherme, um dos secundaristas que participava da ocupação, levantou um cartaz contra a Rede Globo e foi agredido por um cinegrafista da emissora, que logo foi rechaçado pelos alunos e saiu de cena aos gritos de “a verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura”.
Também no dia anterior à reintegração, os estudantes receberam a notícia de que o deputado Eduardo cunha (PSDB) havia sido afastado da presidência da Câmara dos Deputados. O ocorrido foi anunciado e a ocupação entrou em êxtase, seguido de um caloroso “êta, êta, o Eduardo Cunha quer controlar minha buceta”.
Após a reintegração do Centro, os secundaristas saíram em marcha em direção à ETESP do Bom Retiro. Chegando na frente do portão da instituição, os alunos se depararam com a Tropa de Choque já posicionada, bloqueando a entrada dos manifestantes. Em protesto, os estudantes puxaram um dos hits da ocupação, o “PM da cara de mal”.
Além da autonomia e horizontalidade reivindicada pelas escolas ocupadas, sem a presença de lideranças ou entidades estudantis no front das ocupações, o que chama atenção são os novos modelos de organização do movimento. Não tem carro de som ou fala em palanque, como é comum nos movimentos mais tradicionais. Tudo é feito através de jograis e as batidas de funk é que dão o tom da luta dos secundaristas.