Por Lilith Cristina
Fotos: Murilo Salazar
Na memória, os olhos fundos, lá no fundo o contraste dos mil flashes das câmeras estrangeiras com a fumaça vermelha.
Dispersos na multidão porém conversando pelo olhar, pois era a única fresta que ainda era reconhecível de alguns caracterizados, e à todo momento uma orientação chegava.
“Toma cuidado.”,“Olha a sua volta”, “Presta atenção”, “Esse homem é policial”.
O coração do fronte pronto pra qualquer movimentação, e os olhos fundos de quem não dorme da barreira policial e logo menos da cavalaria que chegava por trás da marcha encurralando os manifestantes.
Quando ninguém esperava, numa pequena confusão do fronte com a policia, um grupo corre e um menor é levado detido, uma das táticas mais usadas pela polica para dispersão em manifestação
Foi tensão desde o dia anterior, passei a madrugada no telhado do Monteiro olhando a cidade e a única certeza que eu tinha para o dia 5 de agosto era que alguns os meus companheiros que saíssem corriam o risco de não voltar.
Descendo o morro de Santa Tereza rumo à Saens Peña em silêncio e pequenos grupos, e o mais incrível é a conexão dos cariocas com a gente. Eu não estava na minha cidade, não estava com os meus companheiros secundaristas de costume mas ali sentia segurança com eles pois todos tínhamos o mesmo foco: marchar pelo estado gritante da escola pública diante da festa que se faz em torno de troféus e medalhas.