Não importa quem esteja governando o país, a agenda política e econômica brasileira das últimas décadas sempre foi pautada pelo discurso desenvolvimentista. No coração do Pantanal matogrossense, os principais pilares desse projeto ganham força e marcham sobre o Rio Paraguai. Hidrelétricas, hidrovia, mineração, o agronegócio e seus venenos. Cinco faces de um progresso que passa por cima de comunidades ribeirinhas, povos indígenas e pequenos agricultores.
No final, quem ganha com isso? Neste curta-metragem, a Vaidapé traz histórias dos principais impactados pelo projeto de Brasil que vem sendo desenhado há séculos por pequenos grupos que dão as diretrizes produtivas do país.
O filme foi gravado em Cáceres, na região oeste de Mato Grosso, onde uma forte articulação da sociedade civil se manifesta contra a chegada de grandes projetos e obras de infraestrutura que caminham a todo vapor na região. Se de um lado o poder público, os grandes produtores agrícolas e o setor de exportação abusam de seus mecanismos para implementar as obras, do outro, os movimentos sociais e a população local denunciam os impactos sobre o meio ambiente, a cultura pantaneira e a pesca tradicional, uma das principais atividades econômicas do município.
Moradores da comunidade Porto Limão, principais afetados pela instalação de uma Pequenas Central Hidrelétricas no Rio Jauru, afluente do Rio Paraguai – Fotos: Murilo Salazar
Nos últimos anos, Cáceres e outros distritos que integram a Bacia do Alto Paraguai, onde está o Pantanal, já vinham sofrendo com a expansão das fronteiras agrícolas e das fortes pressões do agronegócio. Agora, outros elementos do pacote da produção monocultora começam a ameaçar, ainda mais, o Grande Pantanal.
Depois do curta Morte e Vida Pantaneira, a Vaidapé apresenta sua segunda produção na região, agora com um filme de maior duração. Ambas surgiram de uma parceria, mediada pela Mídia Ninja, com a Sociedade Fé e Vida, principal articuladora do Comitê Popular do Rio Paraguai, que reúne dezenas de entidades, movimentos sociais, comunidades e membros da sociedade civil em uma atuação na defesa do meio ambiente e dos povos que habitam o Pantanal.